Após ouro, judoka Érika Miranda fala sobre os planos para a carreira
A judoca brasiliense Érika Miranda, campeã do Grand Slam do Rio, treina duro para brilhar novamente na Copa do Mundo de São Paulo, neste fim de semana. Depois, ela planeja descansar em Brasília
Luiz Roberto Magalhães - Correio Braziliense
O mês de agosto de 2008 foi particularmente sofrido para a brasiliense Érika Miranda. Durante o período de aclimatação da Seleção Brasileira de judô para as Olimpíadas de Pequim, Érika sofreu uma lesão nos ligamentos cruzado anterior e colateral do joelho direito. O que deveria ser a preparação para um sonho, tornou-se um pesadelo. E, em 5 de agosto, apenas três dias antes da cerimônia de abertura dos Jogos, veio o anúncio: “A atleta não tem condições de competir, sob o risco de agravar a lesão. Érika continuará fazendo tratamento em Pequim e passará por cirurgia quando voltar ao Brasil”, explicou, à época, o médico da Seleção, Wagner Castropil.
O sonho olímpico da China terminava ali. Operada e afastada do esporte por seis meses, Érika encontrou forças para seguir no esporte apesar de todo o trauma. A maior recompensa veio no último sábado, quando ela conquistou, na categoria -52kg, a medalha de ouro no Grand Slam do Rio de Janeiro e tornou-se a primeira brasileira da história a triunfar na competição (no domingo, a gaúcha Mayra Aguiar repetiu o feito, na categoria até 78kg). Érika somou ainda importantes 300 pontos para o ranking olímpico que classificará os atletas para os Jogos de Londres-2012.
A comemoração na capital fluminense foi contida. Afinal, a judoca tem um outro desafio, neste fim de semana, na Copa do Mundo de São Paulo. A disputa também vale pontos para o ranking olímpico e, embalada, Érika não quer saber de outra coisa senão treinar. Entretanto, como ninguém é de ferro, ela promete que, depois de lutar na capital paulista, virá a Brasília para descansar um pouco ao lado da família e, enfim, comemorar o sucesso no Rio de Janeiro e, quem sabe, em São Paulo.
Como foi se tornar a primeira
brasileira a conquistar a medalha de ouro em um Grand Slam?
Você esperava esse resultado?
brasileira a conquistar a medalha de ouro em um Grand Slam?
Você esperava esse resultado?
Eu já vinha treinando há muito tempo e sempre estava batendo na trave. O último Grand Slam que eu medalhei foi em 2009 (bronze, em Tóquio) e em todos os meus outros acabei ficando na quinta colocação e não consegui subir ao pódio. Então, comecei a olhar mais os detalhes, a corrigi-los e consegui essa medalha. Fiquei bastante feliz e não sabia que eu era a primeira brasileira a ganhar um ouro em Grand Slam, mas a sensação foi maravilhosa.
Você passou por um trauma muito grande em 2008, quando foi
cortada das Olimpíadas de Pequim por conta de uma lesão no joelho. O que essa conquista muda na sua carreira? Você agora acredita mais que pode estar em Londres no ano que vem?
cortada das Olimpíadas de Pequim por conta de uma lesão no joelho. O que essa conquista muda na sua carreira? Você agora acredita mais que pode estar em Londres no ano que vem?
É um longo caminho até Londres. Mas essa medalha me deixou um pouco mais perto. É complicado falar em Londres, porque ainda tem muito tempo e muitas coisas podem mudar. Tenho que pensar uma competição de cada vez. Depois do trauma que eu tive em Pequim, foi difícil voltar a ter a forma física, a ter um ritmo legal de competição depois de seis meses parada. Então, até voltar aos 100% foi meio complicado. O doutor Wagner (Wagner Castropil, médico da Seleção) me ajudou muito. A cirurgia foi muito boa, tanto que hoje não sinto mais nada no meio joelho. A única coisa que ficou de Pequim foi a superação. Passei por um momento muito ruim, mas, graças a Deus, hoje estou em um momento muito bom.
Como está o seu calendário para este ano? Já está todo definido?
Não. As duas competições que eu vou fazer daqui para frente são a Copa do Mundo, neste fim de semana, em São Paulo, e, em seguida, uns 15 dias depois, os Jogos Mundiais Militares, no Rio de Janeiro. Depois, vou sentar com a comissão técnica e ver quais são as próximas.
Você ganhou 300 pontos no ranking olímpico após a conquista no Rio de Janeiro. Você já fez algumas contas para saber como está essa
caminhada para chegar a Londres?
caminhada para chegar a Londres?
Eu dei uma olhada no ranking. Eu estava na 10ª posição e acho que com essa pontuação eu devo subir para quinto, o que já é uma coisa muito boa. Só que na verdade eu ainda tenho que fazer mais quatro resultados bons para ir a Londres. Então, tenho que ganhar medalha em mais quatro competições (até abril de 2012), com boas pontuações, para garantir a vaga.
Você tem ideia de quantos torneios ainda tem pela frente que vão contar pontos para o ranking olímpico?
Depende. O Grand Slam tem uma pontuação muito boa. As outras competições serão Copas do Mundo e Grand Prix. Elas vão surgindo de acordo com a necessidade. A Copa do Mundo de São Paulo vai valer para o ranking. Em agosto, tem o Campeonato Mundial (entre 23 e 28, em Paris). Indo bem nessas competições maiores, eu posso evitar as menores para me preparar melhor, não me expor tanto, porque muitas competições geram lesões e cansaço. Uma coisa depende da outra. Eu fiz uma competição boa no Rio. Se eu fizer outra competição boa, posso dar uma descansada. Se eu for mal, vou ter que entrar em Copas do Mundo, que são competições mais longas. Então, isso vai variar muito.
O Mundial em agosto é a sua principal meta do ano?
Eu não sei ainda, porque a escalação do Mundial só vai sair depois da Copa do Mundo de El Salvador, que os brasileiros vão disputar. Não se sabe ainda qual a equipe que vai (para a Copa do Mundo). Eu só vou poder falar sobre isso depois que sair essa escalação, no meio do mês que vem.
Como foi a comemoração pela medalha? Conseguiu celebrar? Ou por conta da Copa do Mundo em São Paulo você já voltou logo à rotina de treinos?
Aproveitar mesmo não dá. Além de ter uma outra competição próxima, eu sou uma pessoa que tem que estar controlando o meu peso. Então, não dá para dar uma relaxada. Mas foi bom, porque eu vi minha família. Meu pai, minha mãe e meus irmãos vieram me ver (no Rio de Janeiro) e, só de estar perto deles, já entendo como uma comemoração. Mas quando acabar essa competição em São Paulo eu vou passar uns dias em casa (em Brasília) e aí a gente comemora direito.
Qual a expectativa para a Copa do Mundo? Sua confiança deve estar muito alta.
Depois de ganhar uma competição dessas (Grand Slam) a gente se sente muito confiante. Foi bom ter vencido no sábado, mas isso já passou, já acabou. Tenho que pensar agora em São Paulo. Vai ser um torneio forte, então tenho que estar atenta o tempo todo. Tenho que manter os pés no chão, pensar em uma luta de cada vez, que nem foi no Grand Slam, para, se Deus quiser, trazer mais uma medalhinha e mais pontos para o ranking.
Quem é elaNome: Érika Miranda
Data de nascimento: 4/6/1987
Local: Brasília
Altura: 1,62m
Categoria: meio leve (até 52kg)
Principais resultados:
» ouro no Grand Slam do
Rio de Janeiro (2011)
» bronze no Grand Slam
de Tóquio (2009)
» prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007)