ENTIDADE ESTADUAL DE ADMINISTRAÇÃO DO DESPORTO - FILIADA A FEDERAÇÃO DE JUDÔ DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

sábado, 4 de agosto de 2012

 

Rafael Silva ganha a 1ª medalha de um judoca peso pesado do País

Os 2,03 metros e os 168 quilos assustam. Mas basta fazer uma pergunta para perceber que todo aquele tamanho é proporcional a sua educação e sua simpatia. Com apenas cinco anos de treino de alto nível, Rafael Silva se tornou o primeiro peso pesado medalhista do judô brasileiro em Jogos Olímpicos. Para ter uma ideia da importância do fato, o Japão, que inventou o judô em 1882, organiza um torneio especial só com judocas dessa categoria todos os anos. "É uma felicidade incrível. Espero que a minha conquista anime outros garotos grandes a lutar judô", disse o judoca nascido em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, que tem poucos adversários para enfrentar no País. "Por isso, a gente precisa estar toda a hora no Japão ou na Rússia."

O técnico Luis Shinohara explicou um dos motivos da falta de uma quantidade maior de pesos pesados no judô nacional. "Ser um peso pesado é complicado. Cair no chão para eles significa muita dor. Muitas contusões. É preciso gostar muito de judô e se dedicar demais para ser um peso pesado." Rafael é fruto de um trabalho individualizado feito pela comissão técnica da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), encabeçada por Ney Wilson. "Fizemos um trabalho igual para a categoria dos ligeiros e graças a Deus tivemos sucesso também com o (Felipe) Kitadai", afirmou o dirigente.
 
Shinohara estava feliz, mas advertiu que não se surpreenderia se Rafael Silva tivesse chegado à final. "Ele teve uma evolução muito rápida. Ele pega fácil os ensinamentos e é muito dedicado nos treinos", disse o treinador. Rafael lutou com 168 quilos, dos quais 145 são massa magra. "Estava me sentindo muito rápido e confortável. E o mais importante é que tinha fôlego em todos os finais das lutas", disse o atleta, que disputou golden scores (tempos extras) em quatro de suas cinco lutas.

Em suas duas primeiras lutas, Rafael obteve dois ippons sensacionais, diante do islandês Thormodur Jonsson e do lituano Marius Paskevicius. O revés veio diante do russo Alexander Mikhaylin. "Faltou experiência. O russo soube como levar a luta e forçar as faltas no Rafael. Um pouco mais de agressividade seria importante, mas acho que o desempenho no geral foi muito bom", analisou Shinohara. "É verdade. Acabei não conseguindo ter um bom ritmo na luta. Perdi na decisão da bandeira (dos juízes). Fica um gosto ruim."

Com a derrota nas quartas de final, Rafael partiu para a repescagem em busca do bronze. Venceu o húngaro Barna Bor e depois passou pelo coreano Sung-Min Kim, obtendo a inédita medalha de bronze dos pesados para o judô brasileiro. "As lutas foram muito duras. Do lado de fora pode parecer que o combate é muito lento, mas a disputa pela pegada de quimono é muito difícil. Sei que amanhã (sábado) vou sentir muitas dores em várias partes do corpo", afirmou Rafael, sempre com o sorriso estampado, apesar dos dedos da mão direita estarem muito inchados.

Rafael admite que vários pontos técnicos devem ser ajustados para o futuro. Por isso, não pretende tirar muitos dias de folga "Em outubro já tem campeonato mundial por equipe em Salvador. Não posso perder tempo." Para chegar na Olimpíada de Londres bem preparado, Rafael Silva trocou a carne pelos pratos de salada, apesar de não gostar. Nesta sexta, foi jantar com a namorada (Bruna) e com a tia (Eliana). "Quero ver se consigo comer uns hambúrgueres. Tô com uma fome", brincou.

FEMININO
Uma chave de braço, no último minuto da luta que valia o terceiro lugar, tirou a medalha de bronze de Maria Suelen Altheman no peso pesado do judô. Nesta sexta-feira, a brasileira venceu duas lutas, perdeu nas quartas de final, avançou na repescagem, mas acabou derrotada pela chinesa Wen Tong. No último minuto de luta, a asiática derrubou Maria Suelen e conseguiu pegar seu braço. Não restava outra alternativa à brasileira senão desistir.

Wong é o maior nome do judô feminino da atualidade, sete vezes campeã do mundo (quatro vezes entre as pesadas e três no absoluto, categoria que não tem restrição de peso). Ela não era batida desde 2007, tendo perdido, neste período, apenas uma luta, no Masters deste ano, por WO, quando se recusou a enfrentar uma compatriota. Na semifinal olímpica, porém, foi surpreendida pela cubana Idalys Ortiz.

Maria Suelen venceu na repescagem e está na disputa pelo bronze

A chinesa correu sério risco de não estar nos Jogos de Londres, uma vez que foi pega no doping em 2010, com Clenbuterol. Mas um erro de procedimento - a contraprova foi feita sem que ela pedisse - cancelou a suspensão que ela havia levado, causando revolta no mundo esportivo, uma vez que a segunda prova também apontou doping de Tong.

Maria Suelen, de 23 anos, era, dentre as brasileiras que competiram em Londres, a que menos resultados internacionais colecionava. Nos últimos dois anos, só venceu um Grand Prix, na Holanda, no fim do ano passado. Mesmo no Campeonato Pan-Americano de 2012 e nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, não passou do bronze. Recentemente, venceu o Grand Slam de Moscou, depois do fechamento do ranking olímpico, numa competição esvaziada.

CAMPANHA
Primeira brasileira a competir entre as pesadas desde Sydney/2000, Maria Suelen Altheman foi bem nas suas duas primeiras lutas. Primeiro venceu a francesa Anne-Sophie Mondiere, com um wazari. Depois, bateu a tunisiana Nihel Cheikh Rouhou com um ippon no quarto minuto. Na luta seguinte, porém, a brasileira pegou a japonesa Mika Sugimoto e não teve nenhuma chance contra a líder do ranking olímpico, perdendo por ippon após 48 segundos de combate.


Já na repescagem, Maria Suelen encontrou Gulzhan Issanova, para quem já havia perdido na final da etapa do Casaquistão da Copa do Mundo de judô, no ano passado. Mais pesada que a adversária, a brasileira foi maia agressiva e venceu até que com relativa facilidade, com um yuko (por punição da rival) e um wazari. (AE)